Características da ciência a partir de “Ciência como vocação”, de Max Weber.
Na modernidade, o mundo estava perdendo sua magia, deuses e outras figuras folclóricas estavam sendo desmentidos, agora todas as coisas podiam ser dominadas e entendidas e explicadas pela ciência, causando o “desencantamento do mundo”. Tal termo aparece em “A Ciência Como Vocação”, do economista Max Weber, escrito de acordo com sua palestra em 1917 na Associação Livre de Estudantes da Baviera, no qual o autor descreve o que um estudante precisa para consagrar-se profissionalmente no começo de sua vida acadêmica. Contudo, não é apenas nisso que o texto propõe-se a fazer, diversas reflexões sobre a ciência são externadas por ele, com isso, várias características desse conhecimento são expostas.
A ciência havia mudado no período nesse período moderno, não era mais interessante ser estudioso de tantas áreas, como Leonardo Da Vinci e Isaac Newton. Assim, Weber afirma em sua obra que “a ciência entrou em um estágio de especialização, antes desconhecido, e esta situação irá persistir para sempre”, e, com isso, em todos os campos da ciência é preciso aprofundar-se na determinada área, pois só assim os estudantes encontrarão segurança, sentido e paixão em seus estudos. Dessa forma, graças a uma especialização rigorosa, o cientista poderá ter o sentimento pleno, descrito por Weber como “realizei, aqui, algo que irá durar”. Nesse sentido, os trabalhadores científicos terão que focar em resolver problemas de uma única área, e conseguirão alcançar a realização pessoal na ciência.
Outros requisitos para ser um ótimo profissional expostos pelo escritor não se restringem ao campo da ciência, pois abarcam outros também, como o da arte, uma vez que o aprendiz precisa ter “personalidade”, que seria aquele com apego sincero à sua laboração, que está apenas pelo serviço da causa. Com isso, ele diz que “a devoção interior à tarefa, e só a ela, o eleva à altura e à dignidade da causa”.
Nesse sentido, mesmo com essas semelhanças entre a arte e a ciência, o autor os compara, e nos apresenta uma grande diferença: No campo da arte não existe “progresso”, não é justo que as obras artísticas antigas sejam comparadas com as atuais, que possuem novas técnicas de pintura. Dessa maneira, quando a obra de arte é bem produzida, esta torna-se atemporal, ao contrário da esfera científica na qual o trabalho científico está totalmente ligado ao progresso, logo, o que é produzido será antiquado em algum momento. Nesse diapasão, não há possibilidade de que suas pesquisas não serão substituídas por outras. Assim, para muitos, a ciência carece de sentido, trazendo perguntas, “por que dar a vida trabalhando em algo que não terá fim?” ou “qual o sentido da ciência como profissão?”, essas respostas não vêm de cálculos da ciência, mas sim de cada um e de como essa pessoa enxerga sua vida.
